A programação existe pra manter você na frente da TV"

12:50

(2010, AB)

A pós-modernidade traz um novo paradigma em sua esfera. Nela, os produtos culturais não são consumidos em seu estado de contemplação, mas de distração, por esta razão se diz que na pós-modernidade não compramos produtos, compramos conceitos. Mas pra falar de produto esteticamente pós-moderno não podemos deixar de fora a televisão, o grande veículo propagador da indústria cultural universalista. As obras de arte reproduzidas tecnologicamente, segundo Walter Benjamim, emanciparam-se do ritual, tornaram-se rotineiras, passaram a fazer parte da vida cotidiana, perderam o valor de culto, “a destruição da aura da criação cultural”. Existe hoje uma grande variedade de “mercadorias” do ramo do entretenimento, de cunho alienante e pouca ou nenhuma utilidade intelectual. Se quisermos compreender a identidade cultural da contemporaneidade devemos ficar atentos ao uso da tecnologia para produzir e divulgar cultura. Aqui cabe falar das produções televisivas e seu conteúdo. Programas do tipo “reality show” como o Big Brother Brasil, que já teve oito edições são hoje os carros-chefes da maior parte das emissoras. Agora temos versões mais competitivas como Jogo Duro, na rede Globo, e A Fazenda, na Record. Mas o apelo à invasão de privacidade, a possibilidade, mesmo que forjada, de adentrar na intimidade do outro, continuam sendo as propostas principais desses tipos de programa. Sucesso no mundo todo, os reality shows são mais que opções de entretenimento. Para as emissoras, uma verdadeira mina de ouro. Para o público, uma verdadeira perda de tempo. Para os participantes, uma exposição desnecessária e lastimável. Nas telenovelas, as emissoras insistem em roteiros que se alteram segundo a vontade dos telespectadores, com atores estigmatizados, personagens e situações evidenciadas por clichês e alegorias. Personagens caracterizados ao extremo caem nos gostos do público, que passa a imitar suas falas, gestos, vestimentas, evidenciando assim o poder e o fascínio que a TV exerce no imaginário das pessoas. Artistas carregados de ideologismos, estereótipos e signos perpetuam a arte pós-moderna pelos mais diferentes meios, garantindo sua maior exposição e visibilidade, conseqüentemente, um maior consumo, no velho esquema de dominação da indústria cultural. Desta forma, entende-se que os meios de comunicação de massa veiculam um conjunto de registros altamente alienantes, como defendem os filósofos frankfuritianos.

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