A Renúncia ou a condenação

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Por Priscila Gama

Em nossa sociedade costuma-se atrelar moralidade à consciência religiosa. Não há nada mais equivocado do que esse pensamento. Pessoas não são boas ou más por que são ou não religiosas, nem tampouco são melhores ou piores, alegres, tristes, realizadas, frustradas, etc. Religião não é e nunca será parâmetro para definir isso.

Se religiosidade fosse de fato o mesmo que moralidade, não teríamos tantos escândalos nesta esfera. Os inúmeros casos de pedofilia, as inúmeras roubalheiras, os desmandos espirituais seriam apenas ficção. Claro, também não estamos falando que essas coisas são próprias da religião, mas é que de fato, ninguém é melhor ou pior por conta de ideais cristãos, ou de qualquer outra religião. A natureza humana permite-se ao erro, ou ao pecado, como queiram chamar.

Seguindo esta ótica, teremos que fechar os nossos olhos para o fato de muitos dos mais bem sucedidos homens do mundo serem ateus, ou homossexuais assumidos, ou ainda, ao fato de que existem milhares de cristãos em depressão profunda, potencialmente suicidas, infelizes, frustrados e egoístas.

Em nossa cultura, em nossa tradição ocidental judaico-cristã, “Deus” é um ser consciente, antropomórfico, onipotente e onipresente, que se importa conosco e com nossa vida, que criou uma série de regras pelas quais devemos viver e que vai nos julgar de acordo com essas regras quando morrermos.

Mas existem inúmeras pessoas que simplesmente não acreditam nisso. Não reconhecem um ser superior sobre suas vidas, não acreditam na bíblia, e sim, essas pessoas também são felizes, bem sucedidas, realizadas ou não, isso independe deste fator.

Fizemos muitos rodeios para chegar ao ponto central desse texto. Renúncia, o primeiro filmetotalmente rodado em Imperatriz, cujo roteiro engloba exatamente essas questões que falamos acima.Veja trailler.

O filme conta a história de uma jovem que sempre teve a consciência de um Deus, mas que ao entrar na universidade, e em meio às circunstâncias de sua vida, citam-se os velhos clichês (família desestruturada, pais intolerantes, frustrações sentimentais etc.), opta por se afastar de Deus (ou melhor, da igreja) e assim, começa a comer o “pão que o diabo amassou”, torna-se viciada, libertina, e por fim, suicida.

Renúncia promete ser sucesso no meio evangélico, por que fala exatamente a sua linguagem. A evangelização consiste no fato de que eles crêem que longe deles, não há felicidade, não há salvação. Assim, seguindo este raciocínio, uma pessoa sem a consciência de um Deus não pode ser boa, feliz, bem sucedida, realizada. E ainda mais, sem uma consciência protestante, por que diga-se de passagem, eles não consideram os católicos, espíritas, e demais religiões como sendo fontes de salvação.

Publicado originalmente em "agorabinhi" em Fev/2011

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