Será que ele é?

12:34


(Dissertação), 2009.

De biólogo marinho a animador, Stephen Hillenburg, o pai de Bob Esponja, tem motivos de sobra para sorrir.

Idealizador de um dos maiores desenhos animados da atualidade, conta que, quando começou o desenho, já imaginava que não ficaria restrito a um só público, mirando baixinhos e altinhos. "Nós apenas tentamos rir enquanto escrevíamos as histórias. E depois olhávamos para saber se era apropriado para as crianças. E eu acho que grande parte do humor vem da personalidade [dos personagens]. São apenas personagens engraçados fazendo coisas bobas”.

Recentemente esteve no Brasil para participar do festival Anima Mundi, onde falou sobre Bob Esponja, Patrick, Senhor Sirigueijo e como eles são reflexo do que viveu, viu e presenciou no passado de biólogo.

"Bob Esponja é um ingênuo. É o arquétipo do personagem que esteve por aí sempre, ou seja, o personagem que se comporta como uma criança. Eu gosto de personagens como os de 'O Gordo e o Magro'. São sempre personagens infantis, num mundo de adultos”.

O animador, que disse que mergulhar foi a inspiração inicial para ser um biólogo marinho, se revelou surpreso com a recepção de seu personagem. "É chocante, nunca imaginei nada disso (...) Eu sempre disse, sabe, é um desenho sobre uma esponja [risos]. Não tem como você imaginar que isso seria um sucesso, né? É uma surpresa e muito recompensadora”.

O americano lembrou que foi um desenho que o fez mudar de carreira e abandonar o magistério para seguir a carreira artística. "Eu trabalhei como professor de Biologia, e desenhando, até que fui a um festival como esse [Anima Mundi], nos anos 1980 e deu um clique na minha cabeça. Foi isso que me inspirou a voltar à faculdade. Eu estava querendo fazer [um curso de] pintura, mas decidi pela animação depois de ver um filme de animação”.

Essas são as palavras do pai do Bob, que tem enfrentado muitas suposições quanto a sua orientação sexual ao longo desses dez anos de vida. É brincadeira?

A suposições surgiram a partir de um episódio em que Bob Esponja e seu parceiro Patrick adotam uma lesma e enfrentam problemas para criá-la. Em um outro, no dia dos namorados, Patrick presenteia Bob com um balão em forma de coração e um chocolate com os dizeres “eu te amo”.

"Isso não tem nada a ver com o que nós tentamos fazer (...) Nunca tivemos a intenção de que Bob Esponja e Patrick fossem gays. Eu os vejo como quase assexuais. Tentamos apenas fazer graça”.Informou Stephen Hillenburg.

Em reação às acusações “Bob Esponja”, foi escolhido para estrelar um vídeo feito pela fundação americana We are the family, no qual pregavam tolerância.

Em resposta a esse problema, a doutora em educação Rosa Bueno Fisher comentou em trecho de uma reportagem dada à Agencia O Globo que:

“Todos os produtos culturais - aí incluídos os desenhos, os filmes e os livros - refletem a sua época. Por isso é natural e esperado que hoje o tema da homossexualidade esteja presente na arte e no entretenimento que se produz para crianças. (...) É interessante que a diversidade do mundo apareça, desde que não seja de modo preconceituoso, isso é excelente para a criança ter acesso a diferentes informações e opções do mundo de hoje. É impossível hoje uma criança não ser despertada para o tema da homossexualidade. Então que ele esteja nos desenhos, mas nunca de uma maneira vulgar".

Longe das suposições bestas, Bob Esponja e sua turma seguem fazendo a alegria de muitas crianças, jovens e adultos por todo o mundo, de ambos os sexos e de qualquer orientação sexual e Stephen Hillenburg, o pai de todos eles, tem muito que comemorar.

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